terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ontem, mãe África, hoje, porão Negro




Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão!
Hoje... O porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo jogado ao mar...

Na escola, nas aulas de história, nos ensinam que os negros no Período Colonial foram mão de obra escrava dos senhores da casa grande, essa discussão deveria perpassar por todas as disciplinas, no entanto só a disciplina de história é escalada para falar, muitas vezes os professores das ciências exatas não querem perder tempo em discutir com seus alunos esses fatos vergonhosos da história do Brasil.

Seria interessante lermos as poesias de Castro Alves, o “Poeta dos Escravos”, no caso, Navio Negreiro (1869), Espumas Flutuantes (1870), Vozes d’África (1868)... Para nos sensibilizar que a escravidão no Brasil foi real e que deixou sequelas na sociedade, nas suas entranhas: o preconceito, pobreza, miséria..., e todas as mazelas sociais com as quais convivemos hoje. 

Vindos do continente africano à força (muitos alunos do ensino médio pensam que a África é uma nação, um continente pouco estudado), tirados do seio familiar, apartados como animais, tirados da sua terra natal na marra, embarcavam nos navios tumbeiros para suprir as necessidades da produção açucareira no Brasil. Durante séculos, os negros serviram de mão de obra para os senhores de engenho, os doces açúcares ingeridos pelos europeus amargavam na boca dos negros.

O tratamento dispensado aos negros nos três P(s): pão, pano e pau. O negro nunca se redimiu a escravidão, sempre que podiam se rebelavam. O negro que mexeu nas estruturas da sociedade escravocrata foi Zumbi, líder dos Quilombos dos Palmares, depois de Ganga Zumba, tio de Zumbi. Zumbi organizou guerrilhas para combater os portugueses que queriam manter a escravidão eternamente e tratar o negro como mercadoria, acolheu os negros fugitivos no Quilombo dos Palmares.

A igreja católica abandonou os negros a própria sorte, não concebiam os negros como filhos de Deus, muitas autoridades eclesiásticas tinham escravos para servi-los nos mais diversos serviços.

Durante anos Zumbi lutou contra os portugueses e senhores de engenho. Foram muitas expedições lideradas por bandeirantes para destruir Palmares, sem resultados, até chegar Domingos Jorge Velho que destruiu o Quilombo dos Palmares, deixando Zumbi ferido. No entanto, um delator, Antonio Soares, entregou a localização de Zumbi ao capitão Furtado de Mendonça, que o surpreendeu. O esconderijo de Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695. Zumbi foi morto numa emboscada, lutou heroicamente, mas foi apunhalado, esquartejado e decapitado. Sua cabeça ficou exposta na cidade de Recife, Capitânia de Pernambuco. Sem uma liderança Palmares resistiu até 1710, quando se desfez definitivamente.  

Até hoje nós temos os descendentes dos antigos moradores dos quilombos, chamados de quilombolas que  vivem em áreas demarcadas pelo governo e tentam manter suas tradições.
Em 2003, por meio de uma lei federal esse dia foi declarado como o Dia Nacional da Consciência Negra. Essa mesma lei tornou obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro-brasileira. Agora, em todas as escolas do país, os alunos estudam a história da África, a luta dos negros no Brasil que não sucumbiram diante da dominação branca.

A presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei que institui o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.  O texto da Lei nº 12.519/11 aponta que a comemoração será anual, em 20 de novembro. Lembra a data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares. O assassinato de Zumbi ocorreu no ano de 1695. O mínimo que se poderia fazer em relação aos sofrimentos aplicados aos negros, de maneira covarde. Que essa data seja de reflexão. Vale ressaltar que esse dia não é feriado em todas as cidades do Brasil. Em nosso meio existe ainda muito preconceito com o negro, discriminação em achar que todo negro é bandido...

Escrito pelo professor Wellington Pinto.

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